PATRÍCIA RISTOW EXCLUSIVO"A gente nunca pode agradar todo mundo, certo? Nem é a minha intenção"

Primeira mãe virtual do Brasil desabafa e diz que o Second Life é uma fábrica de sonhos

Patrícia Ristow, paulista de 19 anos, casada na vida real, será, neste sábado, 13 de janeiro de 2006, a primeira mãe virtual brasileira no Second Life. Nesta madrugada, a poucas horas de se dirigir à clínica onde terá (receberá) o bebê, ela fez um depoimento exclusivo para o BLOG.BR, através do repórter BLOGUINHO BOURGOIN. Aqui, ela fala do começo de tudo até das fofocas que surgiram em torno do caso, com repercussões das mais variadas.

O COMEÇO
“Eu e Th nos conhecemos há uns SEIS meses, no antigo point dos brasileiros, Villa Brasil. Sempre brigamos muito, a gente se odiava (risos), mas era coisinha boba. Logo ficamos amigos e, bem mais tarde, depois de uns cinco meses que acabamos nos gostando. Logo, casamos.”

A GRAVIDEZ
“Dissemos a um repórter que a gravidez foi um acidente e ele comentou na matéria que isso não acontece (risos). Bom, na verdade foi DE FATO um acidente. Eu já tinha uma animação que se usa na gravidez (que controla toda gravidez, como o bebê mexe, faz com que os outros possam tocá-la e aparecem mensagens no chat como "Patrícia Ristow is having food cravings", "TH is puts his year next to Patricia´s belly trying to feel kick"), tinha comprado há muito tempo (sempre pensei em ter um filho no SL, como na RL também desejo - como diz RCA, um amigo nosso "O SL é uma fábrica de realizar sonhos") e estávamos eu e TH em casa, quando, sem querer, usei a tal da animação, que estava lá, esquecida no meu inventário, confundindo com alguma coisa com "belly", um piercing, coisa assim. E eis que surgiu a gravidez, nada tão mirabolante quanto pareceu. Eu disse pra TH algo como "Estou 'atrasada'..."num tom de brincadeira, mas acabamos gostando da idéia e levamos adiante a gravidez. Logo em seguida, fomos à clinica fechar um pacote para o "Pré-natal" que incluía um exame (o ultrassom), o parto, e o "prim baby" (que escolhemos com cada detalhe, olhos, cabelo, pele). Escolhemos uma gravidez curta, de nove dias. TH que escolheu, na verdade, pra corresponder a nove meses da RL. Por mim escolheria uma semana porque estava ansiosíssima pra ver a cara do bebê (risos).”

A SEPARAÇÃO
“Nosso casamento foi curto (duas semanas) e acabou por motivos que preferimos guardar pra gente. Todo casal tem suas diferenças e acho que isso cabe ao casal e amigos, somente. Mas posso dizer que ainda somos muito amigos, mesmo depois da separação e não só pelo nosso filho, mas porque nos respeitamos muito.”

OS PADRINHOS
"O SL não tem nada de batismo e etc, mas como escolhem padrinhos pras festas de casamento, escolhemos um casal de padrinhos pra fazer um batismo simbólico para o nosso filho. São eles: Hannah (minha irmã SL e muito amiga RL) e Ciga (meu melhor amigo SL e amigão RL). Acho que não poderíamos escolher melhores pessoas pra isso, são muito queridas e especiais pra gente."

AS FOFOCAS
"1) Bom, a gente nunca pode agradar todo mundo, certo? Nem é a minha intenção também (risos). Já desisti disso há tempos. Alguns nos odeiam, outros amam e assim corre a vida. Quando nos expomos em uma reportagem, por exemplo, estamos preparados pra isso e comigo não foi diferente.
2) Toda essa repercussão e polêmica em torno da gente foi realmente uma surpresa. Muitas e muitas pessoas dentro do SL já têm filhos e estão grávidas (tem gente que já tem até os filhos adultos), só fui a primeira brasileira a passar por isso. Toda essa "falação" me assustou (risos).
3) Dizem que fizemos isso pra aparecer. Bom, na verdade, a gente nem sabia que tínhamos o "Primeiro bebê brasileiro nascido no SL" quando decidimos a gravidez e eu, pelo menos, se quisesse fama, ia querer por mim mesma, Patrícia Rovarotto Secundino, e não por trás de um avatar. Mas estou muito longe disso (risos), sou bem tímida com estranhos, na verdade.
4) Quanto a não termos vida... Bom, eu acho que tenho uma vida (risos), tenho minha família e amigos que amo muito (alguns inclusive conheci no SL e isso prova que aquilo não é algo tão inútil assim). Só fico bastante tempo no SL porque AINDA (logo isso vai mudar) estou parada e prefiro me divertir jogando, a ficar assistindo as coisas bobas da TV ou perdendo meu tempo bisbilhotando a vida das pessoas no Orkut. Se eu quisesse mesmo fugir da realidade jogaria algo menos humano que SL, com certeza (risos).
5) Estou aqui a passeio, como tem uns que estão a negócios, outros a sexo (risos), outros a confusão ou hackeamento, etc, etc, etc.
6) Ah, e eu ajudo criancinhas carentes na minha vida real (comentaram que deveríamos ajudar crianças na real, etc e tal. Cada coisa! - Patrícia ri muito). Meu pai, na vida real, tem uma escolinha pra crianças altistas, isso serve?!? (risos).
7) Bom, acho que já falei bastante sobre isso (e sei que mesmo assim não vai adiantar muito pra calar as "más línguas", eles não têm mesmo jeito).”

A ADOÇÃO
“Resolvi adotar o Jacob de 6 anos (controlado por um avatar, mesmo, não um script como o Darrel será), para ser a referência masculina de Darrell na ausência do pai dele (AUSÊNCIA como sendo, quando o pai não estiver, e não abandono) e o TH achou uma boa idéia e entendeu minha decisão, não se insultou nem nada. O Jacob é americano. Isso será legal pro Darrell porque estrangeiros são sempre boas influências, na minha opinião."

NOME DO BEBÊ
“Escolhemos primeiramente Matthew por sugestão da Karolzinha Itokawa (minha irmã SL), que sugeriu Matheus e adaptamos pro Inglês, já que o TH sempre quis um nome estrangeiro pra ele. Mas depois de receber um vídeo de um amigo que me emocionou muito (a morte de Dimebag Darrell, ex-guitarrista do Pantera, uma das minhas bandas preferidas), quis muito chamar o nosso filho de Darrell. Conversei com o TH e ele aceitou na hora, acho que também gostou muito do nome (ele também gosta muito de rock, guitarras e tal)."

NASCIMENTO
"O bebê "nascerá" (será entregue) na clínica onde fechamos o pacote da gravidez e fizemos o exame de ultrassom. (Mantemos a privacidade do local, pois eles não foram avisados sobre a matéria a tempo). Vou de manhã na clínica com o TH e o "parto" acontece (recebo o "prim baby" deles)."